Este especial momento nos faz refletir que precisamos estar atentos às possibilidades vindouras do mercado imobiliário, que embora pareçam distantes, existem e devem ser objeto da nossa discussão.
Não é de hoje que se fala que o futuro é digital e este futuro chegou mais cedo do que imaginávamos. Esta pandemia nos fez descobrir como usar as tecnologias a favor do mercado imobiliário, que é uma área que pode, perfeitamente, fazer um bom uso dela.
No passado, a negociação de um imóvel passava por muitas visitas. Hoje, efetuamos uma venda sem que a pessoa visite o imóvel, através de um bom vídeo ou uma boa fotografia. E vamos continuar a trabalhar usando essas ferramentas. O corretor de imóveis terá que se aprimorar e quem melhor se adaptar, mais rapidamente, conseguirá realizar bons negócios.
Ao avaliarmos o isolamento provocado pela COVID-19 vemos um momento rigorosamente diferentemente do crash de 1929 da Bolsa de Valores de Nova York, onde havia um cenário depressivo de diminuição no ritmo de consumo e desemprego em massa, o que culminou com um déficit financeiro. No Brasil, desde 2016, o mercado imobiliário cresce expressivamente e o que pudemos observar é que o momento foi muito positivo a partir do segundo semestre de 2019 se consolidando no início 2020.
Então, o mercado que vinha melhorando em volume, de repente se depara com um fechamento, onde as pessoas deixaram de visitar os imóveis com medo de se contaminar e, com isso, as vendas, obviamente, acabaram por diminuir.
Embora desaquecidas, as vendas continuam acontecendo, especialmente para aquelas famílias que precisam se mudar, ou porque cresceram, ou porque alguém mudou de emprego e quer algo mais perto do seu trabalho etc. Fora isso, ainda tem aqueles cujo projeto do novo imóvel foi adiado por conta do coronavírus fazendo com que tenhamos uma demanda reprimida.
Dessa forma, é importante dizer que, ao fim da pandemia as pessoas estarão ávidas por ir ao shopping, por comprar, por frequentar um restaurante e confraternizar com os amigos. O dinheiro represado em função de uma leve recessão na questão econômica, num cenário pós crise, ainda que por uma eventual perda de emprego, cedo ou tarde voltará ao mercado.
É fato que este mercado, de modo geral, não se programou para parar no Brasil no dia 20 de março. Todo o capital, os recursos que estariam programados para serem investidos, ainda estão aqui. E vai ser o pós pandemia, onde as pessoas tenderão a consumir e a colocar em prática seus projetos, que vai gerar negócios e oportunidades, com todas as lições que essa reclusão nos trouxer.
Assim, a oferta e a demanda estarão diretamente relacionadas ao estoque que o setor imobiliário é capaz de oferecer frente à demanda que existe por habitação no país. Importante registrar, que no cenário da crise de 2016 o mercado tinha 18 meses de estoque imobiliário para atender a demanda. Esse número registrou uma queda, ou seja, o consumo aumentou até que este estoque chegou a ser de 7 meses. Houve então uma queda ou uma retração no estoque imobiliário denotando um avanço no consumo.
Isso não vai mudar. O mercado imobiliário é, desde sempre, a coisa mais importante do fator humano, pois é onde você mora, você habita, você trabalha. Então, essa parcela da população que por algum motivo deseja ou necessita de um imóvel diferente, em algum momento irá buscá-lo. Agora, as pessoas que adiaram temporariamente seus planos precisam ser atendidas por profissionais capacitados, que possam atendê-los adequadamente, colocando-os em listas para quando o mercado começar a reaquecer, possam ser encontradas e incentivadas a efetuar uma compra.
Outro aspecto que não podemos deixar de lado são as novas gerações que são ávidas por produtos diferenciados, ou seja, o mesmo produto já não atende mais o mesmo consumidor. É preciso mudar e inovar. Pessoas “descoladas” têm interesses totalmente diferentes, nasceram em um mundo totalmente compartilhado, então não se importam em compartilhar os ambientes e querem uma coisa mais acessível frente à versatilidade que eventualmente precisem. São pessoas que não querem comprar, que só querem alugar porque querem estar no mundo inteiro, são criaturas globais. No entanto, temos o consumidor tradicional também.
Dessa forma, há um grande mercado plural, que precisa ser atendido pelo mercado imobiliário. Aqueles que tiverem as melhores percepções, os melhores insights vão sair na frente desse cenário de crise.
Vale, ainda, destacar, o mercado investidor: um mercado mais profissional e mais interligado com as necessidades de quem vai consumir. Vejam o exemplo de Portugal, que nos últimos anos tem sido um grande foco em investimento. Existem muitos estrangeiros investindo no país, a partir do momento que os bancos abriram as portas para financiamento com juros mais baixos. A procura de casas começou a crescer por um motivo ou outro e o português começou a ter algum poder econômico para poder adquirir um imóvel. A partir disso, as pessoas perceberam que ter um imóvel, ter um patrimônio é sempre uma coisa importante para rendimentos, o que torna o mercado imobiliário muito atrativo. Imóveis em regiões praianas, de locação por períodos curtos, geram um lucro ainda maior.
Duas coisas significativas serão resultado desta crise: a primeira é que quando voltarmos à ativa teremos muito trabalho e os que continuarem na área serão os melhores. E não somos nós a termos que injetar dinheiro nos bancos nesse momento, tal como aconteceu na última crise financeira. Os bancos estão do nosso lado e vislumbramos que haverá uma abertura ao crédito vantajosa para que as pessoas continuem a adquirir seus imóveis.
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Contamos com especialistas convidados.
Diogo Marrana – Consultor Imobiliário. Diretor de Operações do Grupo Remax – Portugal
Johan Klauss – Fundador e ex-Ceo da Microsistec. Conselheiro de Tecnologia do Creci-SP
Moderadores:
Rony Mendes – Sócio fundador da Mendes Matias Martins Advogados. Especialista em Direito Tributário.
José Machado – Coordenador Jurídico da Mendes Matias Martins Advogados. Economista.
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